A partir de amanhã, 8 de abril, a Prefeitura de Londres, na Inglaterra, passará a implementar regras rígidas de emissão de poluentes e materiais particulados na região central da cidade. O objetivo é reduzir os níveis de contaminação do ar. De acordo com o prefeito londrino Sadiq Khan, essa medida pode ajudar a reduzir a incidência de doenças pulmonares e mortes prematuras relacionada à efeitos da poluição atmosférica – segundo estimativas oficiais, cerca de nove mil pessoas morrem anualmente vítimas de doenças associadas à poluição na cidade.
“A poluição do ar é uma crise nacional de saúde que prejudica o desenvolvimento e a saúde de nossas crianças e resulta em milhares de mortes prematuras todos os anos”, afirma Khan. “Para que possamos controlar a contaminação atmosférica em níveis seguros, precisamos tomar medidas mais ambiciosas e livrar Londres de veículos mais poluentes”.
A chamada Zona de Emissão Ultra Baixa (ULEZ, sigla em inglês) funcionará de maneira permanente, 24 horas por dia e sete dias por semana, e cobrirá a região central de Londres. Os veículos que circulam nessa área precisarão atender aos padrões de emissão de poluentes ou pagar uma tarifa diária: £12,50 (cerca de R$ 62) para carros, vans e motocicletas, e £100,00 (cerca de R$500) para ônibus e caminhões. O projeto de implementação da ULEZ prevê a expansão da aplicação dessas regras em meados de outubro de 2021, com a inclusão das regiões em torno das estradas circulares ao norte e ao sul de Londres.
Velho problema
A poluição atmosférica em Londres é um problema antigo e que persiste de maneira preocupante, com alto custo humano e material para seus habitantes. De acordo com números oficiais do governo britânico, todas as regiões da cidade apresentam índices de concentração de material particulado fino mais altos que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de dois milhões de pessoas vivem em áreas nas quais os índices de concentração de poluente atmosférico superam os limites legais na cidade. Nessas áreas, funcionam mais de 400 escolas, o que significa que milhares de crianças são forçadas a estudar em ambientes poluídos, o que afeta seu processo de desenvolvimento cognitivo e sua saúde.
O Serviço Nacional de Saúde (NHS, sigla em inglês) gasta cerca de £6 bilhões por ano com tratamentos de doenças associadas à poluição do ar causada pelo transporte no Reino Unido. Em Londres, o transporte motorizado é responsável por 50% da poluição atmosférica da cidade, sendo que 40% disso vem de veículos a diesel.
Busca de soluções
A expansão da ULEZ e a aplicação de padrões mais rígidos para emissão de poluentes devem afetar cerca de 100 mil automóveis, 35 mil vans, e três mil caminhões -, o que pode levar a uma queda de 28% nas emissões de dióxido de nitrogênio (NO2). No total, o programa pretende reduzir as emissões tóxicas geradas pelo transporte motorizado em cerca de 45%. Em torno de 100 mil pessoas deixarão de viver em regiões com índices de poluição acima do recomendado pelas autoridades de saúde até 2025.
“Uma das maiores e mais icônicas cidades do mundo decidiu que veículos automotores alimentados por combustíveis fósseis não são mais seguros para circular na região central, o que sinaliza que a era dos motores de combustão interna que dominaram as maiores cidades do mundo está chegando ao fim – e não teremos saudades dela”, afirma Mark Watts, diretor executivo da coalizão C40 Cities, que reúne governos locais engajados na questão climática.
A ULEZ é parte de uma série de medidas que vem sendo tomadas pela Prefeitura de Londres para enfrentar a poluição do ar na cidade, que inclui ações como a modernização e eletrificação da frota de ônibus e táxis e a ampliação da infraestrutura para recarregar veículos elétricos privados. Outra iniciativa complementar importante é o fundo de £48 milhões criado para financiar a aquisição de veículos novos e mais limpos por microempresários e cidadãos londrinos, de maneira a retirar veículos antigos e altamente poluentes das ruas da cidade.
Via CicloVivo.